sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018


    Todo pregador, para ser, de fato, um bom pregador precisa, como João Batista, entender quem ele é e qual sua missão na vida. João Batista tinha clareza sobre quem ele era e qual era a sua missão. Ele era de uma família judaica tradicional. Seu pai era da classe sacerdotal. Em sua família, aprendeu que a lei era o caminho para a justificação.
  Todos esperavam que ele seguisse o caminho do pai, Zacarias, sendo um fiel cumpridor da lei à moda antiga. Porém, João os surpreendeu quando resolveu vestir-se de pele de camelo e morar no deserto. Sob este aspecto, João Batista “escandalizou” as pessoas que esperavam dele um comportamento tradicional. Contudo, ele tinha clareza sobre quem era e qual era sua missão, derivando daí a sua coragem de cumpri-la até o fim. João sabia com toda a certeza que ele seria “uma voz” que tinha vindo para preparar o caminho para o Messias, ele tinha vindo para dar testemunho da luz, Jesus Cristo, a verdadeira luz que vindo ao mundo ilumina todos os homens.
  Todo grande homem e mulher na história da Igreja, assim como no mundo secular é uma pessoa que tem profunda consciência de quem é. Esta pessoa tem convicção a respeito de sua missão na vida. Ela não se deixa confundir.
  A missão de cada um de nós, enquanto batizados, é a mesma de João Batista, dar testemunho da luz e preparar o caminho através da pregação da Palavra, tendo zelo com o ministério que nos foi confiado, cuidando de nossa família ou de nosso trabalho, em tudo o que fazemos cada um no seu campo de ação, devemos preparar o caminho para que as pessoas tenham um encontro pessoal com Jesus.
  Compreender isso é essencial. Muitos, infelizmente, por não terem entendido sua missão e seu lugar, ainda anseiam pelos palcos, holofotes, muitas vezes até com boa intenção, porém acabam divulgando mais a si mesmos que ao Senhor. Corremos, com isso, o risco de tirar o foco do essencial e ficar no acessório. Todo o que luta pelo Reino de Deus na Terra deve dizer como João Batista: “Que Ele cresça e eu diminua.” Em um versículo antes deste, João vai dizer: “Nisso consiste a minha alegria, que agora se completa” (Jo 3,29). A grande alegria do servo, daquele que coordena, prega, é deixar as marcas de Jesus na vida das pessoas, é refletir a luz de Jesus para as pessoas para que a vida delas também seja iluminada, sempre com muita clareza de que nenhum de nós tem luz própria para refletir, só o reflexo da luz de Deus em nós pode realmente tocar a vida e o coração das pessoas.
  Em nosso tempo, existe uma grande necessidade por parte da humanidade em PROVAR QUE É ALGUÉM e em TER.
  Uma necessidade de expor (para todos verem) o que fez, o que comprou, onde pregou, para onde viajou… Tudo isso para provar que é alguém importante. Ao olhar este aspecto, é perceptível a constatação de tantas pessoas deprimidas, enchendo consultórios psiquiátricos, pois quando não conseguem ser o que sonharam, ou possuir o que queriam, frustram-se, sentem-se vazias, aflitas… Essa necessidade contínua de provar algo a si mesmo e aos outros pesa como fardo na mente e nos corações das pessoas. Jesus disse: “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve” (Mt 11,28-30).
  João Batista entendeu bem isto, não quis as glórias para si, virou o holofote para Jesus. Exaltou, colocou no palco a pessoa certa! João entendeu que viera apenas para preparar o caminho. Por isso, quando soube que Jesus chegara e iniciara sua missão, ele prontamente disse: “É preciso que Ele cresça e eu diminua”. A curta vida de João Batista foi toda dirigida e totalmente consumida para anunciar a vinda de Jesus. Ele entendeu que seu chamado era para fazer o que Deus queria: Preparar o caminho! Desde o ventre de Isabel, João Batista era cheio do Espírito! Quando Maria a saúda ele estremece, tal é a manifestação poderosa do Santo Espírito em sua vida! E, por ser cheio do Espírito, João foi sempre fiel ao seu ministério! Ele nunca desanimou! Nunca desistiu. João soube bem qual era seu lugar no Reino de Deus. Em nenhum momento a sombra da vaidade ou orgulho tomou conta de seu ser, ele sempre submeteu a sua vontade à vontade de Deus.
  Hoje, através dessa carta, somos convidados a fazer como João: deixar Jesus crescer em nós, caminhar de acordo com os preceitos da nossa vocação e controlar nossas atitudes em relação aos nossos irmãos e irmãs em Cristo, perdoando-os, acolhendo-os e colocando aos pés de Jesus qualquer sentimento de rebeldia, de inveja, ciúme, confusão, todo e qualquer mau pensamento e mau sentimento. Façamos como Jesus: passemos pelo mundo fazendo o bem, sejamos conduzidos pelo amor, sendo, em tudo, conscientes de nossa missão, mansos e humildes diante de Deus e diante dos outros.
  Se focarmos nestes três pontos: consciência de quem somos e sobre a nossa missão, imitação da humildade de Jesus e na imitação da mansidão de Jesus, certamente Jesus vai crescer e nós, com o nosso ego e nossas vaidades, vamos diminuir. Que Ele cresça e nós diminuamos!

Leandro Rabello Coordenador Estadual do Ministério de Pregação RCCRJ 

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